quinta-feira, 28 de abril de 2011

O cara que eu era quando você me conheceu


Acho que esqueci do que eu realmente queria, talvez de quem realmente eu era.
Depois de te perder, depois de tudo que eu perdi, eu tentei desesperadamente preencher o vazio que eu sentia.
Me carregava de exageros para diminuir a falta que em mim doía.
Eu sinto que me esqueci, esqueci de me amar, esqueci de ter esperança. Esqueci de tudo para de todas as maneiras acabar com a minha dor.
Por noites inteiras de excessos de todas as coisas. De manhãs acordadas em camas desconhecidas, de saídas silenciosas em pontas de dedos para não acordar a minha companhia passageira. Ter que encarar outro que não fosse você que estivesse comigo depois da ressaca me dava tanto medo.
Todas as desculpas, todas as ligações não feitas, todos os números na agenda do meu celular, que hoje são apenas nomes em ordem alfabética, sem nenhum rosto a ser lembrado. Todos os não jantares.
Toda tosse seca de cigarro, todas as roupas novas para impressionar pessoas que eu não me importava. Toda fuga realidade, para tapar o buraco da saudade que eu sentia.
Tudo que eu fiz foi me perder, tentando achar o que estava faltando, tentando achar em todos ou em qualquer um você que eu sabia que não podia estar mais comigo.
Hoje eu percebo, que dos excessos que não me mataram não sobrou nada além do mesmo vazio, da mesma saudade, da mesma dor.
Então eu decidi mudar, porque se tudo que eu fiz não resolveu, talvez nada resolva, então voltei ao começo. Já não existe mais aquela inocência que você dizia ser linda, eu amadureci, conheci coisas que antes eu não conhecia, se tentasse te-la novamente seria uma mentira.
Mas no resto, estou voltando a ser como antes. A ser o cara que eu era quando você me conheceu.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Eu me perco de mim mesmo.


Eu ando me perdendo de mim mesmo. Fujo, escapo de quem eu sou.
Às vezes vou com uma onda de chega um pouco mais forte.
Às vezes sigo com o vento, quando ele é quente, fugindo do inverno das coisas que eu sinto.
Às vezes peço carona à um desconhecido, sem saber suas intenções, fecho os olhos e sigo em frente.
Eu me perco de mim mesmo, várias vezes são propositais. Acreditando que ser outro seja melhor do que ser eu.
Eu vou longe, sigo pegadas na areia, embarco em trens sem olhar o destino. Vôo sem me preocupar com a altura.
Sempre fugindo de algo e procurando por alguma coisa.
Eu me perco de mim mesmo, chego tão longe que o caminho de volta é grande, e retornando vou pegando meus pedaços, recolhendo o que eu descartei, das partes que de mim eu não queria mais.
Mas na volta, minha vontade é desesperada de me reecontrar, porque na maioria das vezes, quem eu me tornei me sufoca e tenta me matar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

É simples


Um toque é só um toque.
Uma voz é só mais uma voz.
Um olhar é qualquer olhar.
Cruzamos com muitos olhares todos os dias. Ouvimos muitas vozes. E esbarramos aqui e ali em alguém. Com muitas pessoas diferentes temos as mesmas experiências todos os dias.
Então por que de repente começa a fazer diferença esses gestos tão normais de uma pessoa?
O toque dessa pessoa, provoca arrepios. O seu olhar te tira a atenção, te deixa paralisado olhando para seus os olhos, no fundo dos olhos, lá, onde a verdade é guardada.
Sua voz, te protege, te acalma, e te arranca a segurança de acreditar que é melhor ficar sozinho, e evitar sofrimentos.
Todos os gestos simples que essa pessoa tem, para você faz sentido.
E um toque não é só mais um toque, é o toque de quem te ama.
Não é só mais uma voz, é voz que te ajuda a ir em frente sempre, é a voz que se despede quando você se vai, e te recebe quando você volta. É a voz que tem braços, que te envolvem, que tem corpo, um corpo que encontra o seu corpo.
E o olhar, é agora o único que você cruza, em qualquer lugar que você esteja, porque é o único que você procura, é o único que te garante que você não está mais sozinho. É o olhar que te mostra o que você tem que fazer. É o olhar que diz tudo o que você precisa saber.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eu então serei um cara de muita sorte


Hoje eu senti tanto a sua falta, chorei novamente, mas de certa forma não foi tão triste.
Senti falta da sua companhia, dos nossos planos, da mobília do quarto. Me dei uma dose de tortura ouvindo as nossas músicas, juro, têm algumas frases delas que me destroem por dentro.
Hoje mais que nos outros dias eu senti sua falta. Eu mudei, mudei muito, mas sinto falta de quem eu era, sinto falta de você.
Não estou mal, estou só com saudades, queria poder acordar novamente e olhar pro lado e ver você me olhando, guardando meu sono, com o seu sorriso lindo dizendo bom dia vida, queria poder pelo menos mais uma vez te dar um beijo bem demorado de boa noite e um abraço apertado te sentir novamente nos meus braços e por um segundo acreditar que nada disso aconteceu, queria poder me despedir.
Queria outra vez estar no banho e ver a porta se abrir e ouvir você dizendo, aquelas coisas que eu nem ousaria escrever aqui.
Gui queria só por mais uma manhã fazer nosso café da manhã, o qual você fingia que gostava só para não me chatear, eu sempre soube. Mas você gostava de me mimar, fazia tanto isso comigo que eu sentia vontade de retribuir.
Se eu pudesse mais uma vez te contrariar só pra você me fazer ficar quieto com beijos. Se eu pudesse te acordar de madrugada para correr na praia e sentar só mais uma vez nas pedras e ouvir o barulho do mar abraçado com você, se só mais uma vez eu pudesse fazer isso, abriria mão de tudo só por esse momento.
Eu acreditei quando você disse que era pra sempre, eu acreditei quando você disse que íamos ficar velhinhos juntos, e que íamos ser chamados de avós, eu tive vontade de envelhecer, porque era com você. Talvez seja por isso que é tão difícil às vezes de aceitar que eu vou ter rugas, mas você não vai vê-las.
Eu só queria mais uma chance de te encontrar, eu sei que é impossível, mas queria ter essa chance para dizer que esse é o momento mais importante da minha vida. Eu nunca vou deixar de te amar, mesmo que eu quisesse eu jamais poderia te esquecer. Mas quero te guardar no lugar mais calmo e bonito que existir dentro do meu peito e na minha memória te ocupar do melhor espaço.
Só quero poder ter mais um chance de ser feliz, como eu já fui, porque se eu tiver, eu serei um cara de muita sorte.

Ouça: Jorge Vercilo, Avesso