domingo, 4 de novembro de 2012

"Mas isso eu ainda não aprendi"


Me desculpe não poder ser o que você quer agora. Me desculpe por não andar de mãos dadas, de não encostar minha cabeça no seu ombro no cinema. Me perdoe por não poder ficar para o café da manhã, por não ligar para combinar o almoço, por não aparecer pro jantar. Me desculpe por não ser o homem da sua vida, por não te dar motivos para sorrir quando se lembrar de mim. Me perdoe por ser tão ausente, por não retornar todas as ligações, por deixar respostas no ar.
Sinto muito por não ser o que você está procurando, eu queria ser, juro que queria. Seus sentimentos e expectativas são o que eu achei que mais precisava durante tanto tempo, que quando achei perdi todas as certezas. Talvez só não estejamos no mesmo momento, o que queremos é a mesma coisa, só que para mim, não é agora. Eu queria tanto ter me apaixonado por você, viajar no feriado, aparecer sorrindo nas fotografias do final de semana. Pegar seu chinelo para ir na padaria domingo de manhã.
Eu queria tanto ser tudo o que você merece. Te apontar na rua e dizer 'aquele é o cara que eu gosto' com o olhar de bobo que só quem gosta consegue ter.
Eu queria não ser tão idiota, aceitar o que você me oferece, aproveitar a melhor parte de ser só dois.
Eu só não consigo, pelo menos não agora, pelo menos não dessa maneira. Ainda preciso aprender um jeito de ser feliz, de deixar me fazerem feliz. Isso, isso eu ainda não aprendi. Porque ainda me sentir feliz não sendo sozinho.

- Memórias Públicas

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Incertezas

Como um barco a vela sem comandante, em meio a uma tempestade, leme desgovernado, uma hora o barco vira.
Fui afundando nas suas incertezas, cada vez mais, me perdendo na escuridão que era nós sermos um só. Finalmente me afoguei em você. Por mais que eu tentasse nadar, subir, estendesse a mão ao socorro, você me puxava outra vez para baixo. Eu me sentia tão sozinho em sua companhia mas não sabia como ser diferente. Por que você não sabia ser diferente? É tão difícil andar com alguém te segurando. É impossível voar quando cortam suas asas. Como saltar quando se está enterrado até os joelhos? Por que nós nascemos para isso? Eu também fiz isso com você. Nosso sentimento não nos libertou, ele foi nossa prisão, nas grades que nós mesmos construímos. Porque nós nos machucamos mesmo sem querer. Porque dói sermos um do outro.

- Memórias Públicas