sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Desperte, meu amor

Mas este sempre foi seu problema meu amor, esperar demais. Você tem que entender que o mundo como você imagina só existe dentro da sua cabeça. A vida real é esta que está aqui fora, com pessoas reais, que não são perfeitas, que não sabem seus filmes preferidos, nem a cor que mais combina com seus olhos. Meu amor você precisa dizer o que sente para que as pessoas saibam. Talvez você deva parar de ver esses romances na sessão da tarde, se você disser não ao amor, ele não irá atrás de você no aeroporto, não adianta ensaiar o olhar complacente que você fará ao ouvir seu nome. Relações são feitas de trocas, trocas de interesse, troca de tempo, troca de vontade, vontade que você só tem, mas não compartilha.
Ah meu amor, se eu pudesse te ajudar, se eu pudesse ser esse cara que puxa conversa com você no parque, que dá a mão para te ajudar a levantar quando você cai de patins. Como eu queria ser o cara que divide o fone de ouvido só para saber qual são suas músicas favoritas. Se pudesse ser eu quem te leva até em casa, meu amor, por tudo eu seria.
Pare de se culpar tanto por suas escolhas, encare-as, sofra se for preciso, passe por isso e se levante. Pare de culpar o mundo pelo que você não consegue, tente mais. Desperte meu amor, abra os olhos da sua mente e cresça. Todo rompimento dói, mas todo recomeço vale a pena.
Acabe consigo mesmo e depois se reconstrua. Seja forte meu amor, depois você vai ver que a vida é mais simples do que você pensa, existem cores que ainda precisam ser descobertas, todas as estradas levam a algum lugar, mas você pode escolher a mais ensolarada.

Memórias Públicas

terça-feira, 8 de julho de 2014

"Depois de tudo para o nada. Tanto grito para o silêncio. Tanta briga para a paz. Colecionar para não ter. Tanto erro para nenhum acerto. Tanto conteúdo para página em branco. Tanto correr para descansar. Tantos primeiros para nenhum ser último. Tanto soneto sem nenhum rima. Quanta melodia e pouco ritmo."

Memórias Públicas

Cronômetro

Um dia você acorda e percebe que mais um aniversário está chegando, aí se pergunta, pra onde foram os 365 dias do ano que você não viu? Percebe que mais um ano sua cama está vazia, que já não tem paciência para o que antes achava interessante, não quer mais perder tempo, é como se um cronômetro disparasse dentro de você  te fazendo pensar em tudo que queria fazer e  quando vai conseguir.
Depois de um certo tempo você se torna mais seletivo, pensa na ressaca de amor e de vodca barata que vai ter no outro dia e não é tão fascinante tomar um porre. As pessoas e as bebidas precisam ser de melhor qualidade.
Escolhe melhor os lugares onde quer ir, se vai ter fila deixa o verão para mais tarde.
Começa tentar lembrar de onde e porque as pessoas que estão ao seu redor vieram.
O trabalho vai cada vez tomando mais espaço na sua vida e você começa a procurar em todo lugar uma bobagem a toa que lhe faça sorrir.
Você percebe que o que você procura neste alguém que nunca é o alguém certo, são apenas ilusões e que esse alguém nunca vai existir se você não parar de inventar e apenas viver.
É uma mistura amarga e doce, de realidade e vontade, como se tudo que passou fosse apenas um ensaio, que o pra valer começa agora, e não vai mais parar. Só o intenso interessa, só o que é cheio, o que a qualquer minuto vai transbordar.
Aí você também percebe que na verdade o que você quer na real é se jogar de cabeça, de deixar qualquer medo e insegurança pra trás, é ir atrás e se bater a cara, levanta e começa correr de novo.
Você descobre que o que você mais quer na vida é viver, tudo que for possível.

- Memórias Públicas