sábado, 26 de novembro de 2011

Como um grito ao vento

O tempo passou rápido, há alguns meses eu jamais poderia imaginar que poderia conhecer a paz outra vez. Meio dramático, eu sei, mas quando se está perdido é difícil imaginar onde é o caminho que leva à saída. Depois de tanto choro, depois de tantas tentativas falhas, ligações que nunca foram atendidas, emails não respondidos, eu não poderia imaginar que tudo estaria bem agora.
Tantas coisas se passaram pela minha cabeça nesse tempo, de tantas maneiras tortas eu tentei me ocupar, esquecer e tentar novamente. Foram tantas as tentativas e tantos os erros que nem me fizeram dar conta do tempo indo.
Muita coisa mudou, você não está mais aqui e suas lembranças começam a ter outro peso.
O tempo não foi capaz de curar todas as minha feridas, nunca será, tem coisas que não podem ser mudadas. Como um asfalto fino sobre buracos na estrada, logo na primeira chuva forte fica tudo aberto outra vez.
Eu vi muitas das coisas que eu acreditava serem fundamentais para mim escorrendo como água pelas minhas mãos, e como gritos ao vento desaparecerem.
Ficou tão difícil acreditar em promessas, por mais que eu queira.
Mas o tempo, o tempo passou rápido, eu senti saudades, eu senti raiva e senti solidão. Agora sinto que já deu, para onde tudo isso me trouxe é onde estou e é daqui que eu devo agora partir para onde eu decidir ir.




Ouça: Stronger Than Ever - Christina Aguilera

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Não era amor, era melhor.

Não era amor, era descoberta. Eram fugidas no meio da noite. Era celular desligado, falta de realidade.
Não era amor, era diversão, era quarto barato de motel, era bebida e cigarros noite à dentro.
Não era amor, era prazer, era sem compromisso, sem esperar nada em troca, além de algumas horas de interesse recíproco. Um jogo entre homens.
Não, não era amor, era uma cidade diferente, um desconhecido, uma verdade que só valia pra aquele momento. Não tinha frustração, não tinha decepção, não tinha bom dia. Acabava antes do sol nascer.
Não tinha planos pro futuro, nem explicações à serem dadas, não tinha família, não tinha mágoa e nem ciúmes, não, não era amor, era liberdade. Não tinha expectativas.
Era vontade, era desejo, nem se quer era paixão. Era clandestino, era chamativo, proibido, era uma mentira.
Não era amor, porque era melhor. Era o que durasse pelo tempo que isso levasse. Não era amor, nunca foi e dificilmente poderá ser, era quase que sorte. Não era amor, porque se fosse ainda existiria. Era só mais um. Ainda não era amor.

[Texto livremente adaptado de Martha Medeiros para uma experiência homoafetiva]

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ele já estava de partida, mesmo sem saber.


“O que você precisa entender é que o arco-iris só vem depois da tempestade, o sol só saí depois que as nuvens vão embora.”
Ele me dizia isso todas às vezes que eu estava infeliz, como se de algum modo ele quisesse me consolar de algo que ele e nem ninguém podia resolver por mim.
No meio da noite eu acordava assustado e se não o achasse na cama sentia frio. Sempre fui assim, crio dependência das pessoas, baseio minha segurança , felicidade e todas as minhas emoções nelas, depois quando elas se vão, me sinto um nada, sozinho, desprotegido e inseguro.
Porque se existe uma coisa que eu descobri cedo é que as pessoas se vão, todas elas, elas ficam apenas um tempo, umas mais outras menos, mas em algum momento elas se vão, e deixam para trás todo o espaço que elas ocuparam, como que se esperassem que substituíssemos sentimentos com a mesma facilidade que trocamos de música no player.
E quanto mais ele repetia, 'tudo nessa vida passa', 'todo sofrimento tem um fim', mais triste eu ficava, estava pressentindo um final bem próximo, ele já estava me avisando de suas intenções, talvez ele nem tivesse percebido ainda, mas eu já sabia. E a noite era por isso que eu chorava.
Eu sabia que ele seria o próximo à me deixar.