quinta-feira, 26 de maio de 2011

É vago


Me sinto vazio, com absolutamente nada à acrescentar.
Sem palavras infladas para impressionar.
Sem sorrisos sinceros para conquistar.
Me sinto esgotado, sem pretextos, sem vontades. Sem o que me preocupar.
Ando vagando, desocupado, sem compromisso.
Me sinto sem controle, inerte e despreocupado.
Sem sentimentos profundos, com lembranças vagas, quase esquecimentos na verdade.
Eu me sinto alérgico, fechado e mesmo assim desprotegido. Duas forças que se repelem, sinto falta, sinto um espaço vazio.
Ouço baterem à porta, eu tenho a chave, mas não abro.
Ouço o telefone tocar, está do meu lado, mas não atendo.
Vejo o trem chegar, estou com o bilhete na mão, mas não embarco.
Talvez eu espere, espere muito, me canse, desista, ou continue esperando que, quem sabe, alguém me tire dessa monotonia que se tudo se tornou.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Eu não sei o quanto disso pode ser verdade. Se é que há alguma verdade nisso, mas no momento e enquanto eu espero, é o que eu quero acreditar.

sábado, 14 de maio de 2011

Você está em tudo...


Você está em tudo, e em todo os meus dias.
Está nos dias quentes, na piscina, em toda camiseta regata que eu vejo.
Nas noites frias, em frente a lareira, nos vinhos que eu fingia conhecer e gostar.
Você está no cinema, na última fileira, na seção meio vazia, nas brincadeiras imorais.
Você está em toda minha vida.
Na minha cozinha, nos pratos rasos, sem nada preparado, no fogão desligado, na geladeira quase que vazia, onde está você para fazer o nosso jantar?
Está na sala, no sofá a noite sozinho, no quadro que você achou grande demais, na tv que agora fica sempre ligada.
Você está nas ruas, em todo carro preto do modelo do seu que passa por mim, sinto um aperto no peito quando segue o cruzamento e ele não pára para eu entrar.
Você está em todo momento, em todos os lugares.
No aeroporto, quando não é você quem joga as malas no chão e me abraça, como nos filmes.
Você está nos finais de semana, nos restaurantes que eu não vou mais, na praia que agora já não tem tanta graça.
No parque, quando eu corro sozinho, óculos escuros, finjo não ver ninguém ao meu redor.
Nos museus, onde eu passo horas, porque você já não fica mais entediado, não me chama para ir embora, não finge gostar de arte.
Você realmente está em tudo.
Na minha nova realidade, esta que você não mais participa.
Você está em todos meus pensamentos, me lembrando de que na verdade você não está mais em lugar algum.