terça-feira, 8 de julho de 2014

"Depois de tudo para o nada. Tanto grito para o silêncio. Tanta briga para a paz. Colecionar para não ter. Tanto erro para nenhum acerto. Tanto conteúdo para página em branco. Tanto correr para descansar. Tantos primeiros para nenhum ser último. Tanto soneto sem nenhum rima. Quanta melodia e pouco ritmo."

Memórias Públicas

Cronômetro

Um dia você acorda e percebe que mais um aniversário está chegando, aí se pergunta, pra onde foram os 365 dias do ano que você não viu? Percebe que mais um ano sua cama está vazia, que já não tem paciência para o que antes achava interessante, não quer mais perder tempo, é como se um cronômetro disparasse dentro de você  te fazendo pensar em tudo que queria fazer e  quando vai conseguir.
Depois de um certo tempo você se torna mais seletivo, pensa na ressaca de amor e de vodca barata que vai ter no outro dia e não é tão fascinante tomar um porre. As pessoas e as bebidas precisam ser de melhor qualidade.
Escolhe melhor os lugares onde quer ir, se vai ter fila deixa o verão para mais tarde.
Começa tentar lembrar de onde e porque as pessoas que estão ao seu redor vieram.
O trabalho vai cada vez tomando mais espaço na sua vida e você começa a procurar em todo lugar uma bobagem a toa que lhe faça sorrir.
Você percebe que o que você procura neste alguém que nunca é o alguém certo, são apenas ilusões e que esse alguém nunca vai existir se você não parar de inventar e apenas viver.
É uma mistura amarga e doce, de realidade e vontade, como se tudo que passou fosse apenas um ensaio, que o pra valer começa agora, e não vai mais parar. Só o intenso interessa, só o que é cheio, o que a qualquer minuto vai transbordar.
Aí você também percebe que na verdade o que você quer na real é se jogar de cabeça, de deixar qualquer medo e insegurança pra trás, é ir atrás e se bater a cara, levanta e começa correr de novo.
Você descobre que o que você mais quer na vida é viver, tudo que for possível.

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